quarta-feira, 25 de março de 2015

Ode a um artista



Mark Knopfler

E a vida vai passando
de arte em arte
de sorriso em sorriso
sempre vagabunda de nós

Os gestos querem-se artísticos
o quotidiano demanda
por frágil subtileza de sentidos
cada movimento é comandado
para ser único e incomparável
ritmo natural das coisas

por favor, sem comentários

É como esta pausa solitária
da guitarra clássica
que ouço antes de me deitar
esboço um sorriso
não pelos pensamentos, malditos
mas pela existência brotada
dos rendilhados sonoros
que a ausência de voz provoca

Alegria não é felicidade
nem dor tristeza
apesar de serem confundidas
umas são existências
outras vidas
perdidas pelas marés
do tempo e da memória
abastecidas por esta faísca
que agora queima
sempre depois
sempre um passo à frente

A arte
não se compara
não se analisa
não se constrói
não se processa
não se pensa
não se vive
existe

por favor, sem comentários,
como tu sabes, mark


rafael