segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O risco do caminho...

sabotagetimes.com
 A Edmund Hillarry, após ter escalado o Evereste, foi-lhe perguntado, porque o fez, conhecendo os riscos e dificuldades inerentes a uma caminho tão hostil. 

A resposta não tardou - '' Que o facto de estar ali, com a sua imponente beleza, era um desafio, uma chamada permanente que não podia recusar''.

Caros leitores , não é este, o mesmo caminho, que tantas vezes recusamos  percorrer?



domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Tua Cara Não Me é Estranha


É domingo à noite. Confesso que já tinha dito a mim mesmo que hoje não voltaria à viela. Estou sentado na cadeira da cozinha a ver o programa da tvi 'A Tua Cara Não Me é Estranha'. Não sou muito dado a programas de televisão mas confesso que este, que mais assiduamente tenho acompanhado desde o fim de semana passado, e que me arrependo não lhe ter posto os olhos ao início, me tocou profundamente. Daí ter voltado aqui.

Programas como este devia acabar um e começar outro. É um programa em que o talento aparece a cada momento, da música à personagem. Ainda melhor, feito por portugueses. Portugal tem talento. Outras considerações ficam ao critério de quem também o vê.

Sobre o teu benefício com caricaturas e críticas externas


Embora possa revelar-se custoso, só tens a beneficiar com as críticas, relatos e opiniões dos outros sobre ti para perceberes quem transpareces realmente ser, o que será provavelmente distinto da tua própria convicção quanto ao pensas ser ou quanto ao que julgas que os outros vêm quando olham para ti ou te recordam nas suas mentes.

Os humoristas dominam com mestria e acutilância a faculdade de caricaturar traços marcantes sobre os outros ao nível da personalidade, o que premeia os visados, para além do óbvio gracejo, com informação útil sobre o modo como se revelam aos outros.

Concordarei contigo se referires que a isenção pode estar ausente da análise dos outros. Porém, lembra-te que também tu não és a fonte mais isenta sobre quem julgas ser. No limite, a tua opinião pode ser tão isenta como a dos que de ti falam, comentam ou criticam. Por isso, não as desconsideres levianamente.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Ó homem, se pode parar de escrever, aproveite!

A palavra assim ordena!
No segundo dia das Correntes d’Escritas 2012, dominou a palavra proferida, refletida, exumada, eterna, enfim, a palavra que conta vidas e as eterniza.
Confesso que a sessão da manhã me desiludiu um pouco, porventura por força das expectativas que tinha criado em torno do tema “O fim da arte superior é libertar” (Fernando Pessoa). na realidade as conversas redondas giraram em torno dos conceitos de libertação e de escrita, e não em torno do autor do mote como eu esperava. Apesar disso, interessantes observações sobre a alma da escrita escorreram das conversas e merecem ser revisitadas nas atas finais do encontro.
A sessão da tarde, essa, teve nuances de poesia fantásticas. O tema “A Poesia é o resultado de uma perfeita economia das palavras” viu-se refletida nos discursos como um espelho. Margarida Vale de Gato recitou um dos seus poemas, incidindo sobre o serviço que a palavra presta à humanidade e não apenas à poesia. Pela palavra, a comunicação, somos capazes de atingir tudo (o que esteja ao alcance do ser humano, obviamente), ditar a vida e a morte, o amor, a esperança e o ódio. A intervenção do poeta angolano Manuel Rui foi uma total surpresa porque, penitencio-me, nunca tinha ouvido falar dele. Também recitou um poema, criado para a ocasião, que me despertou um desejo enorme de ler todo o seu repertório poético. Recomendo vivamente, pela linguagem visceral, pontualmente elevada mas sempre pautada pelo mundano, recriando momentos de sublime reflexão sobre o simples, a água, a palavra, o quotidiano. Sobre a economia das palavras, lançou a definição que consensualmente arrebatou a plateia: “as palavras não estão nem a mais nem a menos, o poema existe com as palavras necessárias”, quer isto dizer que toda a palavra poética idealmente tem a sua função no corpo textual. O último orador e, possivelmente, o que maior atenção atraiu foi Manuel António Pina. Foi o único que não trouxe nenhum texto preparado e isso foi uma mais-valia pela espontaneidade e pela jocosidade da sua linguagem. Fez valer a sua experiência enquanto cronista ao expressar a opinião sobre as anteriores intervenções. Reiterou a ideia de que a perfeita economia das palavras não existe, apenas a necessária. Mas o conceito predominante da sua teoria foi o de que a escrita, para quem a ama, é inevitável, como uma paixão amaldiçoada. Então se compreende a declaração de Rilke, essa maestra alemã que certa vez disse a um jovem poeta com aspirações “ó homem, se pode parar de escrever, aproveite!”, como se dissesse que se a mente não o obriga a escrever, experimente a vida!
Rebate na alma como um tambor “a palavra é a gota do som da água” do poeta angolano Manuel Rui.
A sessão noturna foi longa, terminou por volta da uma da manhã, e foi sem dúvida a que mais interesse gerou, compreensível pelo leque de participantes: Afonso Cruz, Ana Luísa Amaral, Júlio Magalhães, Rui Zink, Valter Hugo Mãe e Manuel Moya. Com o tema “A escrita é um investimento inesgotável no prazer”, as intervenções pautaram, na sua maioria, pelo tom satírico e cómico. Ana Luísa Amaral realçou o explosivo poder da palavra: “aqui o verso vem e senta-se ao nosso lado, metaforicamente claro, mas senta-se”, e exemplifica – “diziam que Napoleão tinha mais medo de um jornal do que de mil baionetas”. Júlio Magalhães, personagem mais conhecida pelo trabalho no mundo da televisão, teve uma das participações mais engraçadas da noite (batida talvez apenas pela de Rui Zink). Bastaram segundos para o comprovar… “obrigado por estarem aqui e trocarem isto por uma noite a ver o Porto Canal!”. Logo de seguida relatou um episódio passado há muitos anos: “entrei numa taberna e vi uma garrafa de ginja que me chamou a atenção pelo rótulo: ‘A única ginjinha em Portugal que ainda não ganhou um prémio’. Ainda está lá em casa. É assim que me sinto hoje aqui, sentado nesta mesa”. Depois de muitos outros relatos hilariantes da sua experiência enquanto escritor, passou a palavra a Manuel Moya. Este poeta espanhol, mais sóbrio de linguagem, exaltou o prazer da escrita: “o prazer da escrita é distinto dos outros prazeres, não se dilui em si mesmo, é um prazer que se obtém no processo e não enquanto fim”. Deixou também um apontamento sobre a função do pensamento na escrita, pois “refletir é deixar nadar os espermatozóides da consciência” (tradução livre). Seguiram-se Rui Zink (constante humor presencial) e Valter Hugo Mãe. A plateia ficou suspensa nas primeiras palavras do Valter, “eu quero ir para a cama com o rubem fonseca” (aludindo ao escritor vencedor do prémio literário em causa). No discurso decorrente, explicou o papel da sensualidade mental que um escritor pode provocar no seu público, mas foi uma intervenção marcante (e chocante, como é de seu hábito) pela constante referência à intenção de avançar com uma relação sexual com o escritor brasileiro. No final, no espaço para as questões aos intervenientes, surgiu uma personagem da plateia que afirmou “eu faço amor consigo [Valter Hugo Mãe] e com a Ana Luísa Amaral!”, claro está aludindo à sensualidade das palavras dos escritores e não dos próprios autores...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A decadência como inevitável mas não como trágica

O escritor Eduardo Lourenço no âmbito do Correntes da Escrita na Póvoa de Varzim usou da palavra na sessão de abertura para, no seu sublime jeito, agradecer a amizade, o carinho e os louvores atribuídos pelos presentes à sua pessoa e à sua obra.

Nesse momento que se dirigiu ao público, num evento que reúne a nata da escrita portuguesa, foi breve, directo e conciso sem, no entanto, deixar de fazer aquilo que tem feito ao longo dos anos: reflectir sobre Portugal e Europa.

Já no seu campo pessoal, ao mesmo tempo que o escritor luso afirmou já não precisar de motivação uma vez que, tendo em conta a idade, já se encontrava em declínio, citou o General de Gaulle para dizer que a velhice é como um naufrágio consciente, mas que perante essa inevitabilidade da decadência importa naufragar em glória e com impacto, tipo "Titanic", ironizou. Ou seja, como diz o povo ou o general aos seus militares: mesmo no fim da linha importa “morrer de pé”.

Ao longo do percurso das nossas vidas não deve importar o quê, onde, quando e como, mas se é bem feito e se, dentro do respeito ao próximo, nos leva à realização pessoal e colectiva.

José Afonso



Uma boa homenagem do Nuno Mendanha, professor do Externato das Neves, ao Zeca Afonso. Não considero necessário acrescentar mais palavras a esta entrada. Resta ouvir. Oiçam...

Zeca Afonso...25 anos


Partiu há 25 anos um dos maiores ícones da música portuguesa.
 Incomparável...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Convite...

'Segue o teu destino, 
rega as tuas plantas,
ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
de árvores alheias.''

        Fernando Pessoa


Não escondo a paixão que tenho pela escrita, pela sabedoria, pela humanidade, pela sensatez e pela multipluralidade dos seres de Pessoa.
Não interpretarei o poema porque de cada vez que o leio  encontro algo de diferente.

Já o levar-vos a envolverem-se na mítica e na riqueza da escrita deste ser fingidor, é algo que sou incapaz de não o fazer.

O paroquialismo e resistência à mudança

A Câmara Municipal de Viana do Castelo está a adoptar uma atitude de inércia para boicotar a reforma e devolver a responsabilidade ao governo. Deste modo, procura que esta fique sem efeito ou, caso seja concretizada, poder imputar à coligação do governo PSD/CDS alguma consequência negativa ou descontentamento inerente à reforma do mapa administrativo do município de Viana do Castelo.

A apresentação do novo diploma, que contemplou alguns sugestões e dissipou alguns receios que foram transmitidos por diversas pessoas, autarcas e entidades, permite verdadeiramente uma reforma de baixo para cima, dando aos municípios e às freguesias as competências necessárias para, em conformidade com a estratégia do município e com as dinâmicas territoriais, efectuarem uma reorganização administrativa à medida dos anseios locais.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Imitação ridícula do propósito de Bordalo Pinheiro

Le Tricheur, O trapaceiro do jogo de baralho (1635), Georges de La Tour

Não há qualquer decoro nesta pintura. Contraposta a um background totalmente negro, emerge uma mulher atrativa (pelos parâmetros renascentistas…) que olha para a sua criada enquanto que esta enche o seu copo de vinho. É curioso que a mão da criada toca na mulher, enquanto que esta roça o seu dedo indicador na manga do braço do homem. Esta coreografia de mãos parece ser um sinal. O senhor da esquerda é submerso em escuridão, apenas iluminado nas secções que desvendam a sua tramóia: retira um ás de paus do seu cinto que certamente juntará às restantes cartas. Um segundo homem aparece à direita, concentrado no seu jogo. É observado pela criada mas parece não se aperceber disso. Todas as figuras revelam olhares imprecisos e enganadores, sugerindo uma cumplicidade suspeita entre elas. Este jogo de cartas é de facto uma demonstração das capacidades da alma humana em apostar nos vícios do engano, da luxúria e do álcool.

Nós, os observadores, o povinho, somos cúmplices! Reparem como parece ainda haver espaço na mesa para a nossa presença, como se nos fosse oferecida também a oportunidade de participarmos nesta tramóia tomando a parte do tramado!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Hidratar os corpos é fundamental


Depois de dois artigos bons e algo filosóficos talvez seja despropositada esta postagem, mas como muitas vezes a ocasião faz o ladrão vou, por conseguinte, roubar a erudição ao referido para somente dizer que, depois desta notícia num jornal espanhol, concluo que o largo das Neves é o espaço melhor hidratado da região Norte.

Prometeu e o fígado


Na mitologia grega, segundo Hesíodo, foi dada a Prometeu e seu irmão Epimeteu a tarefa de criar o Homem e todos os animais. Epimeteu encarregou-se da obra e Prometeu encarregou-se de supervisioná-la.
Na obra, Epimeteu atribuiu a cada animal dons variados como a coragem, força, rapidez, sagacidade; asas a uns, garras a outros e carapaças também. Porém, quando chegou a vez do Homem, formou-o do barro. Mas como Epimeteu gastara todos os recursos nos outros animais, recorreu ao seu irmão, Prometeu. Este então roubou o fogo dos deuses e o deu-o aos Homens. Isto assegurou a superioridade dos Homens sobre os outros animais.
Todavia o fogo era exclusivo dos Deuses. Como castigo a Prometeu, Zeus ordenou que o acorrentassem no cume do monte Caucaso, onde todos os dias uma águia dilacerava o seu fígado que, todos os dias, se regenerava. Este castigo devia durar 30.000 anos. Prometeu acabou por ser libertado do seu sofrimento por Hércules.

Já na Grécia antiga, a capacidade regenerativa do fígado era conhecida. Esta reveste-se de grande utilidade na Medicina, possibilitando os transplantes de fígado. Esta capacidade é utilizada também como resposta do órgão face a agressões como no caso do alcoolismo crónico. Contudo, a velocidade a que se dá a regeneração não será a mesma que a da lenda do Prometeu.

(fonte: wikipédia)

Sobre os limites à teorização do mundo que te rodeia



Por intermédio das palavras e da construção de raciocínios, tens ao teu dispôr o incomensurável poder de explorar, dissecar e revolver qualquer assunto que pretendas.

Nunca qualquer país esteve tão bem servido de gente capaz de juntar factos, extrair conclusões, maquinar teses sobre isto e aqueloutro, derrubar argumentos de outrem, defender pontos de vista, etc. À medida que mais pessoas aprofundam o seu percurso de instrução, mais e melhor avaliadores, analisadores, investigadores vamos tendo.

Porém, para que serve toda essa capacidade orgânica de sinapses atrás de sinapses cujo âmbito não é mais do que processar informação?  Dito de outro modo, quais os limites que devem existir para teorização?

Um governa e 1 milhão analisa em teoria essa governação. Um treina e outro milhão analisa em teoria o treinamento. Um vive e mais outro milhão analisa em teoria essa vivência?

"Tudo o que é demais é exagero".

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Auto da Floripes e a Universalidade da Cultura Portuguesa


O secular Auto da Floripes, para além de uma relíquia portuguesa do Teatro Popular, é o exemplo vivo das inúmeras manifestações populares que vigoraram em todo o Portugal durante vários séculos e que, em virtude da diáspora portuguesa, foram disseminadas por todo o mundo num processo constante e rico de difusão cultural, contribuindo assim decisivamente para a universalidade da cultura portuguesa.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A beleza na porta ao lado...







Rio Neiva
um espaço que se confunde, 
uma tranquilidade inevitável,
talvez, desejada.

Assim é a  beleza na porta ao lado.

Fotos de Hugo Barbosa e Barros Amorim do Rego

O Minho e as Bandas de Música!



Este acto supremo de erudição russa é presença obrigatória nas romarias mais populares e ancestrais do Minho. A sua ausência é a desilusão para a velha guarda que à beira do olival do adro da igreja assiste na sua cadeirinha. Já a sua má interpretação por parte dos músicos é um desconsolo para quem, junto à tasca da comissão de festas e com a "maurguinha" do vinhão na mão, ouve atentamente os sons provenientes do velho coreto.

Novidades, inovações, estrangeirismos, modas, etc., foram sempre uma constante nas comunidades minhotas, inclusive nas mais rurais. Caso não o fossem, as mesmas já teriam desfalecido e desaparecido. Aliás, a mescla tradição e modernidade convivem nos dias de hoje de mãos dadas e querer tornar intacta e cristalizar a realidade dos dias de hoje é fazer precisamente o contrário àquilo que tem sido feito ao longo dos séculos nas mais variedades manifestações populares, em especial no nosso Minho pela vigorosa fertilidade e contínua regeneração e, no fundo, pelo forte exemplo de adaptação e de cruzamento de várias influências temporais e espaciais.

o desafio como um degrau

As civilizações afirmam-se pela capacidade de resposta aos desafios. As que não conhecem desafios, estagnam e perdem-se no tempo. Já as que se amedrontam perante os desafios, sucumbem diante dos mesmos.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O MESMO E O OUTRO

Entre o focar vezeiro e o disparar da Olympus
Interjecta-se o autor, o mago, a construção,
Como entre o lapidar e o achar nos garimpes
Ou como entre a mimese e a utopiação.

A consciência teórica hoje em decrescência
Adorno e Horkheimer dizem-nos que aconteceu!
E assim na imitação é que se põe a essência
Das artes como sendo a norma do Liceu.

Ora Aristóteles entende menos raso
Na Retórica e Poética o conceito velho:
Não é a cópia morta que resolve o caso,

Nem algo em que a cultura da natura é espelho,
O memetismo em clone nem gémeos alcançam
As artes entre o mesmo e o outro é que balançam.
Amadeu Torres


E mais mundo haverá...
Sem Amadeu Torres, haverá um mundo sem amadeu torres.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Ainda Amadeu Torres

“Eu gosto muito de viajar, porque, como diz o povo, quem quiser saber tem que passear ou ler”

Amadeu Torres - Castro Gil

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A Última Ceia (1498), Leonardo da Vinci


Se antes de O Código Da Vinci, de Dan Brown, esta obra já era famosa, após o filme tornou-se um ícone mundial de mistério e simbologia.

A perspetiva distanciada é unificada pela presença de Cristo no centro. Em redor, enquanto socializam, os apóstolos estão reunidos em quatro grupos de três. Assumo que Leonardo queira aqui simbolizar a Santíssima Trindade. Como em quase todas as últimas ceias de Cristo, Jesus parece dirigir as suas palavras não só aos apóstolos, mas também a nós, ouvintes.
O realismo na cena é, em grande escala, conferido pelas diversas atitudes das figuras presentes. Por exemplo, o grupo mais à esquerda parece assustado com a Palavra, já o grupo na extrema direita parece totalmente dedicado a uma acesa discussão, um outro grupo imediatamente à direita de Jesus mostra-se unicamente interessado no que se segue. O ambiente de jantar com bastante público está perfeitamente adequado. Leonardo concentra todas as suas capacidades artísticas na representação deste preciso momento, o da anunciação de que alguém (Judas) o irá trair: “Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há-de entregar!”. As emoções intensas fazem-se sentir neste fresco, nenhum apóstolo permanece indiferente ou estaticamente culpado.

Na linhagem da história da arte, esta pintura exerceu imensa influência ao longo dos séculos. Só no século XX, para exemplificar, beberam dela pintores como Andy Warhol e Salvador Dalí.

O contributo de Dan Brown para a decifração desta pintura é o reforço da teoria preexistente de que o apóstolo João (à esquerda de Jesus) é, de facto, Maria Madalena. Quer seja pelos traços femininos da figura, quer pelo posicionamento diagonal e simétrico dos dois a formar uma copa (símbolo do feminino), quer pelo contraste do vestuário – veste azul e manto vermelho de Maria Madalena; veste vermelha e manto azul de Jesus, símbolo antigo do matrimónio – a verdade é que a palavra de Dan Brown tornou a obra de Leonardo ainda mais conhecida. Daí a alterar a “verdade” da Igreja, essa é outra discussão. Não esqueçamos que Leonardo era, também ele, um artista, propenso à criatividade e com fantástica capacidade inventiva!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sobre o poder resistente das verdades com que contactas



Certos animais não se fazem rogados quando sentem no corpo algo que lhes é alheio, pelo que tratam de se sacudir avidamente, na tentativa de se libertarem desse jugo.

Assim somos todos nós, humanos, quando nos é apresentada uma verdade inédita que nos custa a incorporar, aceitar, admitir.

Fazêmo-lo de modo menos corporal que os animais, mas em termos de movimento os nossos cérebros tratam de sacudir a ideia do nosso eu, repudiando-a pela entrada invasiva no nosso prezado sistema de concepção das coisas.

Amuaremos, faremos greve, chamaremos nomes, pontapearemos, boicotaremos, enrubesceremos, torna-nos-emos feras. Com sorte conseguiremos extraditar convincentemente o agente externo que nos perturbou. Porém, nenhuma purga é total, nenhuma lavagem completa, nenhuma inoculação anulável.

Algo permanecerá retido e será esse algo que sinalizará o início da conformação uma ideia nova, a uma verdade até então estrangeira.

Os Homens que não vêm nos manuais de História...

Muitos são aqueles que a História esqueceu, não se lembrou ou não interessam ser falados. 
Há muitos heróis, muitos Hmens que pelas suas atitudes simples, honestas e sentidas, não comportamentos violentos ou que incitem à revolta, nos ensinam a coerência falada e vivida. Esta coerência sai-nos cara. Isto porque, o sermos coerentes connosco implica, na maioria das vezes, um sofrimento físico, social e  emocional  impingido por aqueles cujos valores e princípios destoam dos nossos.

A história de August Landmesser é a de um homem que desafiou o regime nazi. Casou-se com uma judia, teve com ela duas filhas e foi preso por “desonrar a raça”. Serviu na II Guerra Mundial e desapareceu em combate. A mulher foi presa e eliminada pela Gestapo. As duas filhas sobreviveram e uma delas contou em livro o momento desafiador da vida do seu pai: em 1936, August Landmesser foi o homem que não fez a saudação nazi.

in Público, 10-2-2012


August Landmesser, o exemplo de um Homem de carácter, honra e que soube dignificar a essência de um ser humano. A prática do livre arbítrio, provavelmente, custou-lhe a vida, mas com certeza tranquilizou o seu ser... 
Ninguém escolhe como nascer ou morrer, já o 'como viver' é algo pertencente apenas a cada um de nós...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A Minha Lua



A Minha Lua

No corredor virado a Sul, envidraçado,
Gosto de acompanhar a lua em sua andança.
E fico triste quando o céu, todo estrelado,
Ma não permite contemplar como em criança.

Mas tal sucede apenas no quarto minguante,
Em que monstro em betão desculpa-se a escondê-la.
É semana de espera e de olhar aguardente,
Como se nessas noites eu pudesse vê-la.

Por isso, quando nova surge com volume
De um dia ou dois e posso olhá-la em cheio,
Esqueço o tempo e fico, como de costume,
Preso à sua mensagem muda e ao seu enleio.

E acho que ela me indaga, em sua face errática,
Quem foi que lhe ensinou tão alta matemática.


Amadeu Torres / Castro Gil



Já são poucos os homens que contemplam assim a lua, e ainda menos os que escrevem assim sobre tal astro. Já não se fabricam homens como Amadeu Torres. Hoje ficamos mais pobres. Até sempre professor.


Morrerei e ainda se falará de Castro Gil

Hoje, com a morte do Cónego Amadeu Torres, sentimos que esta perda humana significará também uma perda para a cultura nacional. Homem de grande inteligência e de invejável capacidade de produção literária.
Enorme é o seu legado, mas pela sua excepcionalidade podia estar entre nós mais algum tempo para continuar a sua obra que jamais estaria terminada...
Será sepultado em Vila de Punhe para descansar na terra que o viu nascer e a quem nunca disse não quando solicitado. Amigo, embaixador e humilde nas várias solicitações que Vila de Punhe lhe fez.
Por força das suas publicações, morrerei e ainda se falará de Castro Gil.

Afinal há aconselhamento médico...

Notícia Correio da Manhã: Portugal: 80 mil abortos realizados "por opção" desde 2007

Mulher: Boa tarde, estou grávida e venho fazer a primeira ecografia por indicação da minha médica de família.

Médica: Muito bem... O que faz na vida? É pela primeira vez mãe?


Mulher: Já sou mãe de um menino. Estou desempregada e neste momento estou com um companheiro que não é o pai da primeira criança.


Médica: Pois... Já viu no que está metida? Não quer abortar? Não acha melhor interromper a gravidez? Tem a certeza que não a quer levar até ao fim?


---

O sangue na lei do mercado

Anda instalada a polémica por causa dos dadores de sangue.
Pergunto duas coisas:
1º: Os dadores de sangue são solidários ou interesseiros?
2º: Os dadores de sangue querem ajudar outro Ser Humano ou querem ter isenção na taxa moderadora?

A palavra do momento!


Deixo aqui um artigo escrito por Pedro Lomba que trata o tema, ou melhor, a palavra que tanto afectou os portugueses...